A ouvidora é mãe do presidente da Câmara dos Vereadores e irmã da primeira-dama. Familiares são suspeitos de integrar uma quadrilha que cometeu golpes em idosos para financiar a campanha do prefeito
Por: Alex Albuquerque
A segunda fase da Operação Caixa 2, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) e pela Polícia Civil nesta quarta-feira (17), efetuou as prisões do presidente da Câmara dos Vereadores, da ouvidora municipal (mãe do vereador) e da primeira-dama de Pentecoste (a cerca de 90 km de distância de Fortaleza). Os três familiares (as duas mulheres são irmãs) são suspeitos de integrar uma quadrilha que cometeu golpes em idosos para financiar a campanha do prefeito de Pentecoste, João Bosco Pessoa Tabosa (PDT), eleito em 2016.
Promotores e policiais civis cumpriram um mandado de prisão preventiva contra o vereador Pedro Hermano Pinho Cardoso (PDT); e mandados de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, contra a ouvidora Maria Clara Rodrigues Pinho e a primeira-dama Maria Clemilda Pinho de Sousa. Os investigados também foram afastados de suas funções públicas por tempo indeterminado. As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz da Comarca de Pentecoste, Caio Lima Barroso.
O MPCE também pediu pela prisão e pelo afastamento do prefeito João Bosco, mas a Justiça entendeu que os crimes foram cometidos antes da sua gestão. "As medidas cautelares foram interpostas em razão dos diversos embaraços realizados pelos investigados, com o intuito de frustrar a investigação criminal, utilizando-se de seus cargos para obstruir a justiça", explicou o promotor de Justiça de Pentecoste, Jairo Pereira Pequeno Neto.
O advogado de defesa dos presos, Hélio Leitão, afirmou que a detenção dos clientes era "desnecessária". "Essas pessoas contribuíram com a investigação. Os fatos em apuração datam ainda de meados de 2016. Elas têm endereço fixo e nunca se furtaram de contribuir com a investigação. Portanto, não há qualquer necessidade dessa prisão. Elas já apresentaram a defesa no processo e estão aguardando a instrução criminal para produzir provas", completa.
Estelionato e funcionários 'fantasmas'
Conforme as investigações, a quadrilha colocava um casal na porta das agências bancárias para oferecer "ajuda" aos idosos e desviar benefícios dos mesmos para a campanha de João Bosco. O prejuízo às vítimas teria somado R$ 300 mil. A organização criminosa contava com apoio de funcionários dos bancos.
Na primeira fase da 'Caixa 2', deflagrada em 18 de outubro do ano passado, a primeira dama, o presidente da Câmara de Vereadores e os funcionários do Banco do Brasil já haviam sido afastados dos seus cargos por decisões judiciais.
A Operação evidenciou ainda um esquema de funcionários "fantasmas" na Câmara Municipal de Pentecoste, isto é, pessoas que nunca trabalharam no órgão legislativo estavam na folha de pagamento recebendo salário. Uma dessas funcionárias foi presa e prestou delação premiada ao MPCE - que levou ao esquema criminoso.
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