Carga de 607 quilos de cocaína, escondida em meio a 20 mil mangas, ia sair do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), para o Porto de Roterdã, na Holanda, para depois ser distribuída na Europa. Foi o que descobriu a investigação da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), da Polícia Civil, responsável pela maior apreensão de cocaína da história da Polícia Civil do Ceará. Toda a droga será incinerada hoje.
Segundo o titular da Especializada, delegado Diego Barreto, um caminhão saiu com a carga de manga de uma fazenda em Juazeiro, na Bahia, no dia 14 de outubro deste ano, com destino a um galpão em Itaitinga, na RMF. No local, já estava o entorpecente. Quando dois homens começaram a carregar o automóvel com a droga, no início da madrugada do dia 15, os policiais civis realizaram a abordagem.
Às 5h daquele dia, o contêiner carregado pelo caminhão - com cocaína e manga - seria deixado no Porto do Pecém e embarcaria para terras europeias em um navio internacional (a Polícia preferiu não revelar a identificação e a nacionalidade). A droga apreendida, considerada de alta pureza, vale cerca de R$ 90 milhões.
Barreto afirma que este "é um trabalho importante de descapitalização do crime". "Eles (criminosos) iam auferir um valor considerável com a venda dessa droga para a Europa. O trabalho de investigação busca exatamente isso, quebrar o braço financeiro do crime organizado", completa o delegado.
Investigados
O motorista goiano Sérgio Corrêa, de 50 anos, e o ajudante de caminhoneiro, o baiano Uildembergue Souza Pimentel, 44, que não tinham passagens pela Polícia, foram presos em flagrante e autuados por tráfico de drogas e associação para o tráfico. De acordo com o titular da DRFVC, os suspeitos não responderam ao interrogatório policial e preferiram se manifestar apenas em juízo. Eles estão detidos em um presídio da Região Metropolitana de Fortaleza.
Mas Sérgio já era alvo de outra investigação da Especializada e esteve no Ceará em outras oportunidades. Foi assim que os investigadores chegaram à droga, após acompanhar o seu trajeto. "Alguns motoristas, transportando contêineres, do Porto do Pecém e do Mucuripe, vinham sendo abordados, na saída do porto ou no trajeto. Prendemos alguns integrantes desse grupo criminoso e, durante as investigações, surgiu a informação que um caminhoneiro vinha transportando essas mercadorias roubadas para outros estados. E também fazia o caminho contrário".
As apurações descobriram, ainda, que as partes do caminhão que seria utilizado para a ação criminosa eram frutos de outros crimes: o cavalo havia sido roubado no Estado de Goiás e a carroceria, em São Paulo. Ambos tiveram os sinais adulterados.
A Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas, com apoio da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e da Polícia Federal (PF) aprofundam as investigações do caso e buscam os proprietários da droga e outros envolvidos com o transporte da carga de cocaína. Também há troca de informações com as polícias de Goiás e São Paulo.
Os responsáveis pela fazenda, que produziu as mangas em Juazeiro, e o locatário do galpão em Itaitinga já foram ouvidos pela Polícia e são investigados. Já o dono do mesmo galpão e os proprietários do contêiner também prestaram depoimento e apresentaram documentos legais sobre as posses, e a participação de ambos foi descartada.
A Polícia também investiga se a carga de 607 kg de cocaína tem relação com outra carga, de 330 kg do entorpecente, apreendida pela Receita Federal no Porto do Pecém, no dia 16 de agosto deste ano. "Com o objetivo de fazer essa comparação, de imediato, nós entramos em contato com a Polícia Federal, já que aquela droga foi encaminhada para lá. Eles já se deslocaram para o local onde a droga (carga de 607 kg) está apreendida e recolheram uma amostra para fazer a comparação. Não saiu o resultado ainda", explica Diego Barreto.
Em nota, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) informou "que a segurança é prioridade em todas as suas operações". Disse ainda que sempre atua em parceria com a Receita Federal do Brasil e outros órgãos. "Nossa fiscalização por scanner atinge 100% dos contêineres importados e exportados, sob exclusivo monitoramento da Receita Federal do Brasil. Hoje o scanner em operação no Porto do Pecém permite até 60 inspeções de contêineres por hora".
O Cipp afirmou também que o Porto possui câmeras em toda a sua área alfandegada e que as imagens são armazenadas e monitoradas pela Receita Federal, órgão que define os encaminhamentos das cargas após análise. Por fim, reforçou "seu total compromisso com a segurança de todas as suas operações".
Doação
As 20 mil mangas foram doadas ao 'Mais Nutrição', programa do Governo do Estado que visa a segurança alimentar e nutricional de crianças carentes, após pedido da Polícia Civil, parecer favorável do Ministério Público do Ceará (MPCE) e decisão da Justiça Estadual.
Fonte: Diário do Nordeste
PUBLICIDADE: