População adulta do município do interior paulista terminará de receber a segunda dose da CoronaVac neste domingo; prefeitura comemora que nenhum paciente foi intubado nos últimos dez dias.
Por: Alex Albuquerque
Este domingo marcará o final das aplicações da segunda dose de CoronaVac, vacina contra a Covid-19, na cidade de Serrana, no interior de São Paulo. O município sedia desde fevereiro um projeto pioneiro do Instituto Butantan para testar os efeitos da imunização em massa na população com mais de 18 anos.
O chamado Projeto S concluiu sua primeira fase em 14 de março com participação de mais de 27 mil pessoas da cidade, o equivalente a 97% do público-alvo da pesquisa. Um percentual alto de adesão deve ser repetido na nova etapa, projetam os cientistas. Três dos quatro subgrupos em que os voluntários foram separados para o estudo já receberam a segunda dose nos últimos dias, com comparecimento de 94% no grupo verde, 93% no amarelo e 88% no cinza.
Os pesquisadores do Butantan reiteram que a proteção contra o coronavírus deve ser considerada só depois de 15 dias após tomar a segunda dose e que os primeiros resultados oficiais dos estudos do Projeto S só sairão nas primeiras semanas de maio, mas a cidade já vive uma onda de esperança por ver seu sistema de saúde menos pressionado nas últimas semanas. O prefeito, Léo Capitelli (MDB), comemora que há dez dias nenhum paciente é intubado na cidade.
Não podemos ainda afirmar que isso tem uma correlação com a vacinação, mas tudo leva a crer que sim, uma vez que 20 dias atrás a gente estava com um caos aqui no sistema de saúde, assim como em todo o país, e nos últimos dez dias a gente teve uma notória diminuição. Estamos bastante felizes e orgulhosos — diz Capitelli, que tomou sua segunda dose na sexta-feira, como parte do grupo azul da pesquisa.
Em março, a cidade bateu o seu recorde de mortes por Covid: foram 19 no período. Antes, o pior momento da pandemia para Serrana havia sido registrado em agosto do ano passado, com 16 óbitos. Agora, considerando os dados da primeira semana de abril, a quantidade está menor: foram duas vidas perdidas para a doença.
A demanda nas UPAs (unidades de pronto atendimento) também indica queda: segundo a secretaria municipal de Saúde, há três semanas eram, em média, por dia, 90 pacientes com sintomas gripais e suspeita de Covid. Atualmente são 40.
Leila Gusmão, secretária municipal de Saúde, destaca ainda que o percentual de positividade nos exames feitos nos casos suspeitos recuou. Em meados de março, a positividade era de cerca de 69%, contra 30% no período atual. E, ela afirma, entre os casos confirmados, os profissionais de saúde têm notado uma gravidade menor nos quadros do que antes.
Os efeitos, porém, são recentes e precisam ser ainda examinados por mais tempo pelos cientistas, pondera Pedro Garibaldi, médico hematologista do Hospital Estadual de Serrana e um dos coordenadores do Projeto S. O efeito do pico vivido em março ainda é sentido hoje na instituição em que ele trabalha, a principal do município: todos os 15 leitos de UTI e os 24 de enfermaria continuam lotados.
O hospital é referência para 26 cidades na região, então temos também um fluxo de pacientes de outros lugares.
Os gargalos ainda existem, diz ele. Mesmo com a cidade vacinada, teremos que fazer uma abertura racional e lenta — alerta.
Não relaxar no uso de máscara e no distanciamento social continuam muito importantes também porque há segmentos da população que não fazem parte do Projeto S, lembra Garibaldi. Menores de 18 anos, gestantes e pessoas com comorbidades ativas (ou seja, as que tiveram que trocar sua medicação ou passaram por algum descontrole recente de condições como hipertensão e diabetes, por exemplo) não foram imunizadas.