O cearense trabalhou como vendedor, mas também produziu poesias e repentes. Ele ficou conhecido nacionalmente pelas respostas “curtas e grossas” à perguntas que julgava óbvias. Toda a mística criada diante do seu nome, fez com que o cearense recebesse a alcunha de "o homem mais ignorante do mundo".
Novembro de 2019 marcou cinco anos da morte de Lunga. Segundo a família, a maioria dos "causos", histórias (verídicas ou não) que são contadas de forma engraçada, com objetivo lúdico, associados a ele são mentirosos, exagerados, que escondiam um homem gentil e tranquilo, que gostava de criar e recitar poesias. A própria família reúne um material cheio delas, com inspiração que partia da vida na roça e da religiosidade característica.
"Quem me dera ser um pássaro para no mundo voar. Eu ia para o oceano, depois podia voltar. Mas ia cair nos teus braços somente para consolar.”
“Morava bem em Juazeiro, me transportei daqui e fui morar em Salgueiro. Lá existe uma fazenda que só existe vaqueiro. Existe também um boi, que é um grande boi mandingueiro. Se eu pego meu cavalo, um cavalo muito ligeiro. Vou derribar o boi, cavalo, boi e vaqueiro.”
“Da terra divina graça/ Que se diz mimosa luz/ Só quem morreu na terra /Mas foi cravado na cruz/ Um homem que se chamava/ O menino Jesus”.
Estátua
Segundo a Secretaria de Turismo e Romaria (Setur) de Juazeiro do Norte, a estátua terá o tamanho real, de 1,30m, feita de concreto, revestida com fibra de vidro e pintada na cor bronze envelhecido. A obra retrata Seu Lunga sentado em um banco de granito, que conta com um espaço para que as pessoas possam sentar.
O objetivo do projeto, orçado em R$17,9 mil e semelhante à estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, no Rio de Janeiro, é promover a atração turística na cidade. “Estamos valorizando a nossa região e homenageando pessoas que fizeram história na nossa terra”, ressalta o secretário, Júnior Feitos.
Vendedor de sucata
Joaquim dos Santos Rodrigues nasceu em 18 de agosto de 1927, no Sítio Gravatá, em Caririaçu. Porém, se mudou, com a família, para Juazeiro do Norte para fugir da seca. Quando jovem, chegou a vender arroz, milho, feijão e outros cereais, na Rua São Paulo, próximo ao Mercado Central do Município. Porém, foi como vendedor de sucata, nos anos de 1960, que ficou conhecido. Era ali, sentado na frente do estabelecimento, que recebia turistas em visitas ao seu comércio.
"Causos"
Em uma entrevistas veiculada na TV Verdes Mares, em abril de 1996, um repórter perguntou ao seu Lunga: "O senhor vende tudo aqui, não é, “Seu Lunga”?". O comerciante responde, de pronto: "Não. O mundo não tem tudo, como é que você quer que eu venda tudo aqui na minha mercearia?" Outro repórter, em 2014, pede ao vendedor: “Podemos tirar uma foto, seu Lunga?”. A resposta é “curta e grossa”: “A gente só tira o que é nosso. O certo é fazer um retrato!”.
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