O estudante Juan Ferreira dos Santos, de 14 anos, foi morto durante abordagem policial na noite de sexta-feira, 13, no bairro Vicente Pinzon. Ele estava em uma festa acompanhando de amigos na Praça do Mirante quando ao menos seis agentes da Polícia Militar do Ceará (PMCE) chegaram no local, por volta de 21h30, segundo o relato de moradores da comunidade. Um dos militares disparou contra o chão como forma de dispersar a multidão, contudo, um dos tiros atingiu a cabeça do adolescente.
Juan foi socorrido pela própria população e levado em carro particular ao Hospital Geral de Fortaleza (HGF) por volta de 22h30. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de saúde por volta de meia noite. Abalada, a mãe dele conversou com uma equipe de reportagem, enquanto recebia a solidariedade de familiares na casa onde mora. "Tiraram tudo que eu tinha, acabaram com tudo, acabaram com a vida do meu filho, destruíram minha vida. Meu filho não era vagabundo, ele era só uma criança que estava se divertindo", lamentou.
A reportagem visitou também o local onde o crime o ocorreu, contudo, moradores da região evitaram conversar com a reportagem por medo de represália da Polícia, segundo eles.
Abordagem
Conforme testemunhas que aceitaram conversar com a reportagem em ruas mais distante ao local dos tiros, o grupo de adolescentes teria se assustado com a abordagem policial e correu. Em resposta, o militar teria disparado. "Eles (os adolescentes) sempre ficam ali, toda noite. Ontem, a praça estava cheia, tinha uma festa, umas danças, estava só a molecada de 14, 15 anos. Foi quando chegaram os policiais de moto mandando que se retirassem. Enquanto eles estavam saindo, houve tiro. Claro que quem escuta tiro sai correndo, então eles correram. Foi aí que Juan caiu, nessa hora ele já estava alvejado", disse uma testemunha sob condição de anonimato.
Já na versão do agente, a composição policial avistou o grupo de adolescentes e identificou "atitude suspeita". Durante a abordagem, a composição encontrou resistência dos jovens, que teriam começado a arremessar pedras nos agentes. Neste momento, de acordo com nota enviada pela PMCE, um soldado, que integrava a equipe, efetuou disparos para o chão e as balas atingiram o adolescente.
A versão é rebatida por amigos de Juan. "O tiro foi por trás, como ele estava jogando pedras de costas? Tinha muito policial, como uma criança de 14 anos bate de frente com um policial armado? Não tem lógica. Não dá para engolir. Como uma criança joga uma pedra e recebe um tiro na nuca?", questionou um jovem.
Ainda segundo a Polícia Militar, o agente foi autuado em flagrante pelo fato e já se encontra preso no Presídio Militar. As investigações estão a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O corpo de Juan está no IML e deve ser sepultado na manhã de domingo, 15.
Justiça
Familiares e amigos de Juan pedem que o caso seja investigado e o responsável pela morte do adolescente não saia impune. "O Juan era um garoto era muito estudioso, fazia curso, não tinha envolvimento com crime nenhum. Pode conversar com todo mundo, ninguém tem nada de mal contra ele, era muito estudioso. Só queremos agora que a justiça seja feita. Que esse não seja mais um caso impune, porque daqui a pouco vai ser mais uma família nessa situação", disse uma amiga da família.
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