O Brasil enfrenta, sem uma voz de comando nacional, a maior calamidade da história na saúde pública, disseminada no mundo todo. Nesse cenário decorrente do coronavírus, a conduta de Jair Bolsonaro configura um vácuo de liderança.
Por: Alex Albuquerque
Do líder, espera-se o exemplo. O presidente não assume a coordenação do combate à crise e dos esforços para conter a propagação da Covid-19. Ao contrário, provoca a dissensão, confronta governadores e prefeitos que estão na linha de frente no enfrentamento da pandemia. Bolsonaro demonstra indiferença com o crescimento exponencial do número de mortes e de casos graves que em algumas cidades atingem o limite das estruturas hospitalares e cemitérios.
Ante o colapso iminente, enquanto grandes cidades já adotam o recurso extremo do isolamento mais rígido, o presidente assume o discurso contrário ao isolamento social e incita os seus seguidores, que promovem atos públicos e desafiam as normas sanitárias de consenso internacional.
Reunido com governadores, quinta-feira (21), o presidente prometeu sancionar o projeto do Congresso Nacional de socorro financeiro de R$ 60 bilhões para estados e municípios. Não há notícia de visitas do presidente a unidades de saúde que atendem pacientes da Covid-19 nem a laboratórios ou centros de pesquisa envolvidos com a doença.
Igualmente, não se vê gestos concretos de solidariedade às vítimas ou manifestação de empatia, de respeito e sentimento pela dor do outro. Há um vazio profundo de sensibilidade e valores humanitários dos verdadeiros líderes, especialmente dos que se dizem cristãos. Tenha compaixão, Bolsonaro. Honre os princípios do cristianismo. É o mínimo que o Brasil espera do mandatário que tem como hábito citar a Bíblia.
Bolsonaro brada pela abertura do comércio e a volta à normalidade das atividades econômicas, mas não apresenta plano para a sua implantação, tampouco interage com estados e municípios para que o retorno ocorra de modo seguro como em outros países. Sequer existe uma abertura do presidente para a contribuição da ciência, de especialistas e pesquisadores renomados ouvidos pelos governadores.
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