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Os pós e contras do novo financiamento imobiliário da Caixa pela inflação

Os juros para a modalidade de financiamento atrelada à inflação ficam entre 2,95% e 4,95% ao ano.Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a redução no valor da prestação vai de 35% a 51%
Por: Alex Albuquerque 

Uma nova linha de crédito imobiliário operada pela Caixa Econômica Federal (CEF) estará disponível na próxima segunda-feira, 25. Corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as taxas serão entre 2,95% a 4,95% ao ano. No atual contexto econômico, financiar seria um bom negócio. Isso porque inflação atual é considerada baixa (3,76%). Mas é preciso cautela. O IPCA é instável e uma disparada pressionaria o aumento do valor das parcelas. Imagine passar 30 anos pagando por algo que pode cair ou subir a qualquer momento e sofrerá grandes mudanças a cada quatro anos com a troca de governo?
O produto lançado ontem pelo Governo Federal é uma alternativa à Taxa Referencial (TR), utilizada atualmente. Os percentuais dela estão entre 8,50% a 9,75%. Esse modelo permanece. Poderá contratar a nova linha o cliente que se enquadra no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). Ou seja, aqueles que têm maior valor aquisitivo e comprarão imóveis de até R$ 1,5 milhão. O prazo máximo do financiamento é de 360 meses e a quota de até 80%.
Segundo o presidente da CEF, Pedro Guimarães, com a adoção do IPCA, haverá queda de 35% no valor da prestação no caso de um financiamento com taxa mais cara (4,95%). Isso na comparação com os contratos tradicionais, ligados à TR. No caso de contratos com taxa mais barata (2,95%), a queda no valor da prestação foi estimada em 51%.
A professora do curso de Finanças e Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), em Sobral, Alessandra Araújo, frisa que o serviço dispõe riscos em razão da imprevisibilidade. "Acho que nunca tivemos uma inflação tão baixa. Chegamos a períodos de deflação e estamos numa depressão de crescimento. Hoje, estamos com a mão de obra desocupada e máquinas ociosas, ainda tem um fôlego para que a economia cresça sem pressionar a inflação por algum tempo, mas assumir algo pelos próximos 30 anos, suscetível principalmente aos ciclos de governo, é complicado", aponta. "O grau de incerteza da economia está muito alto, eu teria cuidado de contratar um financiamento pós-indexado", orienta.
De acordo com Alessandra, o ideal é pesquisar em outros bancos e verificar se não há taxas mais atrativas antes de contratar. Além disto, nunca assumir uma parcela que comprometa fatia igual o superior a 50% da renda mensal para não comprometer o orçamento familiar. Quem resolver assumir o risco, pode optar por fazer algum investimento para cobrir a inflação em casos de alta.
O economista Gilberto Barbosa acredita que, apesar da volatilidade do IPCA, "o novo financiamento é positivo". Pondera que em eventos extremos, como foi a greve dos caminhoneiros em maio de 2018, "o ideal é identificar qual a proteção contratual". A Caixa não detalhou se prevê alguma segurança. O consumidor que optar pelo modelo IPCA não poderá alterar o contrato para ter a correção pela Taxa Referencial.

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JALIS GOMES


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