O Presidente Jair Bolsonaro defendeu o fim das aulas em autoescola para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O comentário foi feito durante transmissão ao vivo no Facebook nessa quinta-feira, 25. Bolsonaro usou a própria experiência como argumento, ao afirmar que aprendeu a dirigir trator na infância. "Não tem que cursar autoescola", disse ele.
Na live, o presidente comentou que atua para reduzir o custo da CNH, que chega a R$ 2 mil, em média, segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Fernando, que estava com Bolsonaro na transmissão. Jorge Fernando ressaltou que o custo é muito alto quando se pensa que muitos jovens usam o carro como meio de trabalho - e não teriam dinheiro para obter o documento.
"Eu seria favorável... Eu aprendi a dirigir na fazenda, com 10 anos de idade, eu dirigindo trator lá em Eldorado Paulista. Eu acho que nem devia ter exame de nada. (Devia) ter uma parte escrita apenas e vai pra prática. Não tem que cursar autoescola, fazer muita coisa, ter aula de uma coisa que você já sabe o que vai acontecer. Então, uma prova prática e uma prova escrita, teórica, seria o suficiente pra tirar a carteira de habilitação. Mas vamos deixar isso pra um segundo momento”, afirmou Bolsonaro.
Em junho deste ano o presidente apresentou à Câmara um projeto de lei para flexibilizar pontos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O dispositivo dobra a pontuação necessária para suspensão da Carteira Nacional de Habilitação de 20 para 40 e a validade do documento, que passa a ser de dez anos.
A iniciativa também elimina multa para motorista que trafegar com criança de até dez anos sem a cadeirinha. Além disso, o projeto acaba com a exigência de exame toxicológico para motoristas das categorias C, D e E (caminhões, ônibus e vans) e estabelece multa mais branda para quem circular sem capacete.
Repercussão
Após a fala do presidente sobre as autoescolas, O POVO Online procurou o Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Veículos o Estado do Ceará (SINDCFCS-CE), que atua juntamente com o Detran-CE na prestação de serviços.
"Ele fez um comentário em que falou da própria experiência. Ele nem se atentou que, aos 10 anos, cometeu uma infração de trânsito", comentou Alisson Maia, que responde pelo setor jurídico do SINDCFCS, destacando que a entidade não tem posicionamento oficial sobre o que o presidente afirmou.
Segundo Maia, a experiência do presidente não deve ser comparada com a formação de condutores, já que na fazenda não havia trânsito de veículos. Ele lembra que as autoescolas devem preparar o cidadão para enfrentar as adversidades do trânsito.
Para o representante do SINDCFCS, a fala pode causar prejuízo econômico para o setor, já que o cidadão fica na incerteza ao ver tais comentários. "Existem mais de 14 mil autoescolas no País, que geram milhares de empregos", lembrou.
A fala de Jair Bolsonaro, conforme Alisson, se baseia no modelo utilizado nos Estados Unidos e não deve ser usado no Brasil por estar inserido em uma realidade diferente. "O Brasil é um dos países que mais matam no trânsito. Não está se pensando na redução de mortes e acidentes. Temos muito no que evoluir até chegar à mesma situação (dos EUA)", lamenta.
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