Um dos principais motivos para o acentuado declínio da doença está na política de incentivo econômico adotada pelo Governo do Estado. No ano passado foram investidos mais de R$ 10 milhões no combate ao Aedes aegypti
Por: Alex Albuquerque
O Ceará alcançou uma expressiva marca nos últimos dois anos. Os casos confirmados de dengue tiveram redução de 85% se comparados os anos de 2017 e 2018. Enquanto no ano retrasado foram confirmados 25.013 casos, os 12 meses seguintes acumularam 3.698 notificações. Em 2018, 64 municípios que tiveram casos no ano anterior zeraram os índices e, em nove cidades, não houve nenhum registro da doença tanto em 2017 quanto no ano passado. O levantamento é do Núcleo de Dados do Sistema Verdes com números cedidos pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
O quadro deste ano, nos primeiros quatro meses, também é considerado favorável. No ano passado, foram 2.108 de janeiro a abril. Já em 2019, houve redução de 2% em igual período. Houve ainda diminuição de confirmação de óbitos. Enquanto 11 pessoas morreram em 2018, até a 17ª Semana Epidemiológica (SE), neste ano houve um óbito.
Embora os dados deste ano ainda se limitem aos primeiros quatro meses, a previsão é de manutenção de baixos números no segundo semestre. Isto porque as maiores incidências registradas da arbovirose ocorreram entre os meses de janeiro e maio, período das chuvas no Estado. A temperatura e a umidade contribuem acentuadamente para a multiplicação do vetor.
Na avaliação da coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesa, Daniele Queiroz, um dos principais motivos para a acentuada redução da doença está na política de incentivo econômico adotada pelo Governo do Ceará. No ano passado, o Estado rateou R$ 10 milhões através do programa "Todos Contra o Mosquito" e mais R$ 500 mil em outras ações, como a reforma da Base Central de UBV (Ultra Baixo Volume).
"O sucesso dessa experiência no controle do vetor, tanto no acompanhamento dos indicadores quanto nas investigações para evitar novos casos, foi tamanho ao ponto de o Governo do Estado estar avaliando a sua continuidade. A cada três anos estamos susceptíveis a uma nova epidemia. É importante todos juntos quebrarmos este ciclo".
Conforme o coordenador do Núcleo de Endemias de Quixadá, José Arlindo Lemos, "os órgãos públicos de saúde estão encontrando estratégias cada vez mais eficientes para enfrentar esse problema tão grave, que causa até a morte. O nosso empenho é um exemplo. Atualmente, os índices de infestação na nossa cidade apontam 2%, bem próximo do 1% estabelecido como aceitável pelo Ministério da Saúde. Antes, superava 5,5% e no período invernal chegou aos 6,5%, mas a população também precisa colaborar".
O coordenador regional da Sesa no Sertão Central, Welington Queiroz, ressalta, também, o papel importante da população no combate à dengue. "Os moradores precisam ter consciência da participação nesse processo para a proteção de todos". Ele lembra, inclusive, que "quem se recusar a deixar os agentes de endemias visitarem a sua propriedade podem ser obrigados por lei a abrirem suas portas", complementa.
Poucos registros
Em 2018, 177 dos 184 municípios cearenses apresentaram baixas incidências de arboviroses, equivalendo a 96,2%. Brejo Santo, Lavras da Mangabeira, Pedra Branca e Quixadá apresentaram médias incidências e apenas Milhã, Pacoti e Solonópole apresentaram altas ocorrências. Neste ano, 88 cidades não tiveram ainda registro de casos confirmados.
Mesmo assim, o alerta continua. Os vírus alternam com frequência sua predominância e, por isso, é preciso manter medidas de prevenção.
Em 2019, todos os 184 municípios realizaram o primeiro Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti - LIRAa/LIA. Desse total, 10,86% apresentaram alta infestação para Aedes aegypti. Em situação de média infestação encontram-se 67 cidades. Outros 97 municípios demonstraram índice de infestação satisfatório. A maioria dos municípios, 101 (54,89%) pontuaram índice abaixo de 1% para o mosquito.
Atenção
Mais de 60% dos focos do Aedes aegypti estão localizados em cisternas, tanques e tambores, seguidos por vasos ou pratos de plantas, bebedouros de animais etc. Também é importante ficar atento às caixas d'água. Conforme a Sesa, é preciso atentar quanto ao quadro de febre, geralmente por um período entre dois dias e uma semana, em paralelo a duas ou mais das seguintes manifestações: náuseas, vômitos, exantema (vermelhidão na pele) e dores musculares, de cabeça ou nas articulações, especialmente em pessoas que vivam ou tenham viajado, nos últimos 14 dias, para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença do mosquito Aedes aegypti.
Também merecem olhares atentos as crianças provenientes ou residentes em área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo sem foco de infecção aparente.
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