A declaração do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, feita nesta terça-feira (9), ultrapassa os limites do aceitável em uma democracia. Ao afirmar que o partido vai “parar” o Congresso caso a proposta de anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado não seja votada, o dirigente político deixa claro que sua prioridade não é o país, mas a blindagem dos que atentaram contra a ordem constitucional.
É escandaloso que um líder partidário, com a experiência e a influência de Valdemar, utilize a chantagem política como instrumento de pressão para tentar salvar golpistas condenados ou investigados pelo 8 de janeiro. Ao falar em “parar o Congresso”, ele transforma o Parlamento em refém de interesses particulares e coloca em risco a credibilidade das instituições.
O discurso de que a anistia deve ser “ampla, geral e irrestrita” soa como um tapa na cara da sociedade brasileira, que assistiu perplexa à tentativa de destruição da democracia. Não se trata de conciliação, mas de impunidade.
Se o Congresso ceder a esse tipo de ameaça, abrirá um precedente perigoso: a ideia de que crimes contra o Estado podem ser perdoados com o simples peso da pressão política. Isso fragiliza ainda mais a confiança da população nas instituições e enfraquece a democracia.
O Brasil precisa de justiça, não de anistia. Precisa de políticos comprometidos com o futuro do país, e não com o salvamento de cúmplices de um projeto autoritário. A fala de Valdemar Costa Neto é mais um retrato da dificuldade que parte da elite política tem de aceitar as regras do jogo democrático