Recarga representa quase 5x do volume aportado em todo o ano passado: 253,6 milhões de m³.
O Castanhão, maior açude para múltiplos usos da água da América Latina, conquistou nestes primeiros cinco meses do ano um aporte hídrico sem precedentes para os últimos dez anos.
Entre janeiro e maio de 2022, o gigante cearense captou 1,1 bilhão de metros³. Para se ter uma ideia da magnitude do índice, esta recarga representa quase 5x do volume aportado em todo o ano passado, que foi de 253,6 milhões de m³.
O Castanhão é o reservatório de maior relevância para o abastecimento hídrico do Estado, responsável por garantir segurança hídrica para mais de 4 milhões de cearenses. Neste ano, devido ao seu aporte conquistado, o Ceará entra para um cenário de conforto até então não vivenciado.
Conforme destaca o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Francisco José Coelho Teixeira, a recarga significativa conquistada pelo açude garante "razoável conforto" para os próximos dois anos, "com raríssimas exceções".
Essa situação oposta diz respeito ao Sertão Central, região cujos índices foram mais reduzidos e, portanto, não garantiram recarga para outros grandes açudes, como o Banabuiú, terceiro maior do Estado e cujo volume está em apenas 8,9%.
"Essas boas recargas são reflexo das chuvas bem distribuídas. Apenas fevereiro ficou abaixo da média. Agora o cenário é de razoável conforto, diferente dos anos de grande seca, entre 2012 e 2017, em que as reservas hídricas chegaram a 6%".
FRANCISCO JOSÉ COELHO TEIXEIRA
Secretário dos Recursos Hídricos (SRH)
CHUVAS EM 2022
O aporte do Castanhão deve-se, sobretudo, as chuvas caídas no Salgado, no Sul do Estado. A macrorregião do Cariri, na qual estão afluentes que levam água, através do curso natural, ao Castanhão, teve 979,3 mm, o que representa 8,3% da normal climatológica, que é de 904 mm.
De um modo geral, as chuvas banharam todas as regiões do Estado, ultrapassando, inclusive, a média histórica anual, que é de 800,6 milímetros.
Essa barreira foi ultrapassada nesta sexta-feira (3), quando o volume médio acumulado já é de 808,7 mm. Ou seja, em seis meses, as chuvas que caíram no Ceará já estão além do esperado para todo o ano.