Um dos jogadores mais geniais da história do futebol brasileiro, Ronaldinho Gaúcho era sinônimo de alegria, de magia e futebol-arte. O sorriso de R10 com a camisa da Seleção Brasileira ou do Barcelona era uma marca mundial, a cara do Brasil, um mito para cada criança que ama o futebol. Mas ao se aposentar dos gramados, ele coleciona episódios obscuros, alegria e magia tão vistos nos gramados do mundo se tornaram apenas miragem, dando lugar a tristezas e episódios lamentáveis.
Desde o último dia 6 de março, o astro virou assunto nas páginas policiais e foi parar na prisão, por suspeita de usar documentos falsificados no Paraguai. Ele já tinha um histórico de polêmicas, como o crime ambiental no Rio Grande do Sul, mas nada parecido com o que vive atualmente. Ronaldinho foi algemado, cena que rodou o mundo, levado para um presídio na capital do país vizinho, Assunção, onde por um infortúnio da vida, passou seu aniversário de 40 anos, completados ontem.
Tudo começou no dia 4, quando Ronaldinho e seu irmão Assis chegaram ao Paraguai e tiveram a entrada no país liberada em questão de segundos, mas não passaram despercebidos para um grupo de promotores do Ministério Público. Afinal, momentos depois, foi descoberto que os passaportes de ambos eram fraudulentos (originais, mas com conteúdo falso).
Se em um primeiro momento chegou a se considerar a possibilidade de que tudo não havia passado de um mal-entendido e, por isso, não era necessário abrir processo contra os dois irmãos, o caso sofreu uma reviravolta dois dias depois, quando a Justiça decretou a prisão de ambos e determinou que eles precisavam permanecer detidos durante a investigação. A suspeita do MP é que Ronaldinho Gaúcho e seu irmão façam parte de um amplo esquema estruturado para desenvolver documentos falsos. A quadrilha contaria com a participação de empresários e funcionários públicos para facilitar a operação de negócios ilegais no país. Mas, para o MP, o objetivo final seria, na verdade, lavagem de dinheiro.
A defesa de R10 e seu irmão alega que os dois foram enganados e não sabiam que os passaportes eram adulterados. Por enquanto, as autoridades não se convenceram. Os advogados têm acumulado sucessivas derrotas na tentativa de tirar os seus clientes da cadeia.
A investigação do MP aponta que, com os passaportes em mãos e já dentro do Paraguai, os investidores estrangeiros abrem empresas de fachada. A suspeita é que Ronaldinho e seu irmão estariam interessados no ramo dos cassinos. Os dois, inclusive, participariam do lançamento de um cassino no mesmo hotel em que estavam hospedados no último dia 4, quando policiais apreenderam os documentos falsos em seu quarto.
Pop star na prisão
Após ser preso, Ronaldinho virou atração na prisão paraguaia. O número de visitas de parentes de presos aumentou consideravelmente para se conseguir um autógrafo do astro, que registre-se, mantém seu sorriso característico mesmo preso, além de ter já participado de partidas de futebol.
Segundo a ABC TV, do Paraguai, na sexta-feira (13), Ronaldinho aceitou participar de uma partida de futebol na cadeia. Ele teria atuado no time de Fernando Gonzalez Karjallo, ex-dirigente do Sportivo Luqueño, preso por lavagem de dinheiro. De acordo com relatos de policiais que assistiram ao jogo, a equipe de Ronaldinho venceu por 11 a 2, com cinco gols e seis assistências do brasileiro.
Semana decisiva
Na última terça-feira (17), foi iniciada a perícia nos celulares do ex-jogador e do irmão. O conteúdo dos aparelhos é considerado peça-chave na investigação que apura possível ligação dos brasileiros a uma quadrilha especializada em falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.
Mesmo que o ex-jogador e o irmão consigam se livrar da acusação de fazerem parte de uma organização criminosa, o uso de passaportes falsos já seria suficiente para mantê-los encarcerados.
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