Há poucas palavras públicas do tucano cearense Tasso Jereissatiem relação à possibilidade de disputar a presidência do Senado em 1º de fevereiro próximo. Por outro lado, as ações silenciosas dele têm sido muitas e não deixam dúvidas, no ambiente do Congresso, de que a história de candidatura é pra valer. Aliados apresentaram um cálculo inicial que parece animador, como ponto de partida (apenas), no qual conta-se de 21 a 23 votos dentro de um colégio eleitoral do qual fazem parte 81 parlamentares. Parece pouco e é, de fato, na matemática pura. Quando aplicada à realidade de uma novela política ainda com muitos capítulos por percorrer, no entanto, se vê como indicativo de que há base para o projeto ser levado adiante.
O Congresso retomará suas atividades dando posse aos vitoriosos em outubro passado. Muita gente nova, 46 senadores iniciando mandato novo, em números mais exatos, boa parte dos quais suscetíveis ao discurso da renovação, o que começa a tornar a história interessante para Tasso Jereissati, cuja aposta estratégica maior é, exatamente, o de se oferecer como uma chance de mudança. Especialmente se o adversário a bater for o “velho” Renan Calheiros, do MDB.
Como dito antes, Tasso não fala acerca do quadro de disputa pela sucessão do também cearense Eunício Oliveira (MDB). De público, pelo menos. Já nos bastidores, em conversas casuais ou planejadas, tem gasto muita lábia falando de seus planos de recuperar uma ideia de poder moderador para o Senado, garantindo-lhe papel de equilíbrio institucional que considera perdido em meio à crise dos últimos anos. É um dos compromissos que tem assumido, junto com o apoio à agenda de reformas, ponto no qual ganha simpatias no futuro governo.
Neste ponto, um passo importante foi o encontro, em seu gabinete do Senado, de Tasso Jereissati com dois integrantes da futura equipe de Bolsonaro – o economista cearense Mansueto Almeida, que permanecerá secretário do Tesouro Nacional, e Roberto Campos Neto, que presidirá o Banco Central. O assunto sucessão de Eunício Oliveira não foi tocado, nem faria sentido que o fosse, mas o recado principal, de apoio à agenda de reformas, foi transmitido de maneira clara.
Termômetro interessante para se ver como andam as coisas é o que acontece toda terça-feira, dia em que tradicionalmente Tasso recebe para almoços políticos em seu gabinete. A agenda permanece movimentada e está mais concorrida ultimamente, graças ao trabalho de articulação de dois apoiadores, em especial: o correligionário tucano, de Minas, Antonio Anastácio, e o conterrâneo Cid Gomes, do PDT, que tem sido fundamental para ampliar as chancesdele junto a segmentos fora do arco partidário no qual a coisa parece fluir com mais naturalidade.
Resumo da história é que o nome está posto, cresce de possibilidade à medida em que se confirma o alagoano Renan Calheiros como oponente e a hipótese de desistência não está colocada mesmo se Simone Tebet, de Mato Grosso, entrar na disputa, como se especula. Sobre isso, inclusive, Tasso nega que tenha admitido à imprensa que abriria mão de seu projeto de disputar o Senado caso a emedebista oficialize candidatura. O recado dele foi claro: “admiro a senadora, mas uma coisa não tem a ver com a outra”. A má interpretação de uma declaração sua por um jornalista em Brasília, que gerou alguns incômodos entre aliados, envolveria interesses ocultos, conforme se suspeita. Assim é Brasília, e ele sabe, quando se decide jogar alto.
Fonte: Coluna Gualter George, no O POVO
Postado por: Alex Albuquerque