Junção de diversas bases de dados em uma única plataforma permite melhor análise e mais eficiência nas ações, diz SSPDS
Por: Alex Albuquerque
Ao abrir o Cerebrum, o superintendente de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Aloísio Lira, se depara com um "termômetro" que traz a inscrição "ótimo". É reflexo da redução dos principais indicadores de criminalidade no Estado em 2019: o termômetro é composto 70% pelos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) e 30% pelos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs).
O Cerebrum é o painel analítico do Big Data Odin, uma das inovações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), encarado como uma das estratégias responsáveis pelos bons resultados da segurança. Uma equipe de reportagem visitou à SSPDS na última quinta-feira, 16, conheceram as ferramentas. Aloísio Lira mostrou como funciona o Cerebrum e conversou sobre o uso de ciência de dados na segurança pública.
Lira afirma que as melhores gestões, hoje, são orientadas pelos dados. Não que sejam um fim em si mesmo, pondera, mas, ao lado da experiência de policiais e estudiosos da área, os indicadores permitem uma melhor tomada de decisão. "À medida que a quantidade de dados vai crescendo e vai trabalhando esses dados, você consegue enxergar melhor o problema".
O processo que deu à informação protagonismo na SSPDS, conta Lira, começou ainda em 2017, com o Spia, que utiliza fotossensores na identificação de veículos suspeitos. O sucesso da tecnologia levou a SSPDS a querer estender o uso da tecnologia. Para isso, estabeleceu parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisadores do Departamento de Computação passaram a desenvolver tecnologias conforme as necessidades da SSPDS. Entre elas, a infraestrutura Big Data. O Odin reúne dados de mais de 60 fontes, de variadas bases, incluindo, municipais e federais. Além de registro de ocorrências, estão lá câmeras de videomonitoramento, monitoramento de tornozeleiras eletrônicas e fichas criminais. Multiplicidade tamanha de fontes fez com que a ferramenta passasse a ser chamada de "Google da segurança pública".
O cruzamento desses dados traz inúmeras possibilidades, diz Lira. Ele exemplifica com um caso hipotético de roubos a uma farmácia. A inteligência artificial (IA) tem como identificar que, de dez casos, em sete os criminosos usaram uma mesma rota de fuga, analisando, por exemplo, o escoamento do tráfego. "A IA, de grosso modo, identifica esse padrão sozinha. Um policial teria que ler todos os casos, o que ele não teria condições de ler 1 ou 2 mil B.Os. Então, ela começa a dar insights ao investigador, ao policial que está a frente daquele caso".
Para ele, porém, o principal benefício do Big Data é a possibilidade de fazer "o que é mais difícil" na segurança pública, o chamado PDCA: planejar, executar, avaliar e refazer a política. "Antes, isso demorava muito tempo, porque tínhamos que tratar esses dados e, na hora, que iríamos reavaliar a política, já tinha passado o tempo disso. Então, como ele já está captando e tratando a informação em tempo real, a gente pode fazer essa avaliação, e fazer gestão de rumo".
O superintendente criticou ainda o que chamou de "alarde" nas críticas a Big Data. Ele afirma que, o que é feito, na verdade, é trazer informações em uma única plataforma já disponíveis em banco de dados no Estado, que facilite o trabalho de inteligência e investigação. Em vez de emitir ofícios para solicitar informações, exemplifica, o gestor pode ter acesso ao que precisa na ferramenta. "Tudo o que é feito dentro da plataforma pode ser auditado", ainda ponderou.
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