A agricultora Rosa Salete Justiniano olha para o céu pintado de cinza e profetiza: "está vindo muita chuva por aí". A previsão - com tom de esperança - vai além da nuvem carregada que passa por sobre sua plantação de milho, na zona rural do município de Jucás, na região Centro-Sul do Estado. O prognóstico da sertaneja coaduna com o que fora divulgado, ontem (28), pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Conforme o órgão, o Estado tem 40% de probabilidade de receber chuvas acima da média no período de março a maio deste ano. A chance de pluviometria dentro da média também é de 40% e, abaixo, é de apenas 20%. "Continua sendo uma previsão bastante otimista", observa a gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, fazendo referência à primeira previsão divulgada pelo órgão, para os meses de fevereiro a abril.
Estudo
Para chegar a estes resultados, a Funceme realizou análises dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala, como vento em superfície e em altitude, pressão ao nível do mar e temperatura da superfície oceânica. Além disso, os meteorologistas cearenses também estudaram "os resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições de meteorologia do Brasil e do exterior, além da própria Funceme".
Apesar de o prognóstico se tratar de probabilidade, isto é, não sendo possível descartar nenhum cenário, seja ele positivo ou negativo, o quadro que se desenha é animador ao homem do campo. Isto porque, na última década, a Funceme acertou sete das 10 previsões para o trimestre (março, abril e maio). Apenas em 2011, 2012 e no ano passado, o volume de chuva observado ao fim do período destoou da previsão inicial. Além disso, o prognóstico deste ano é, ao lado de 2018, o mais animador da década. Naquele ano, a Funceme apontou alta probabilidade de chuvas acima (45%) e dentro da média (35%), e apenas 20% de possibilidade de chuvas abaixo da média. Ao fim do trimestre, a Funceme contabilizou 403.5 milímetros, figurando como o terceiro melhor acumulado dos últimos dez anos, atrás apenas de 2011 (483,4 mm) e 2019 (502.4 mm).
Característica intrínseca ao Estado, a variabilidade espacial das chuvas deve estar novamente presente.
Sakamoto explica que a região sul do Estado pode ter chuvas dentro ou abaixo da média, "enquanto, no norte do Ceará, a categoria mais provável continua sendo de chuvas acima da normal". Esta região, porém, não aglutina os maiores reservatórios cearenses. Castanhão e Orós situam-se em bacias hidrográficas que estão localizadas numa porção do Estado cujo volume de chuva, historicamente, fica dentro ou abaixo da média. Deste modo, o secretário Executivo da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara, prega cautela na utilização da água. Segundo ele, mesmo diante do bom prognóstico, e dos bons volumes pluviométricos registrados em fevereiro, "é preciso utilizar o líquido de forma consciente".
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