Registros da Câmara dos Deputados obtidos pela CBN mostram que Nathalia Queiroz não teve nenhuma falta sem justificativa e nem tirou licença durante os quase dois anos em que trabalhou para Jair Bolsonaro em Brasília.
Apesar de Nathalia Queiroz trabalhar como personal trainer em horário comercial, o gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara atestou que ela cumpriu 40 horas semanais, oito horas por dia, durante os quase dois anos em que trabalhou para o então deputado, hoje presidente da República. Em resposta a um pedido da CBN enviado em dezembro via lei de acesso à informação, a Câmara respondeu agora que a presença de Nathalia Queiroz foi atestada, mês a mês. Ela não tem nenhuma falta injustificada e nem tirou licença.
Por lei ela tinha que cumprir 40 horas por semana. Não necessariamente em Brasília, mas em atividades que tinham a ver com o mandato de Bolsonaro. E pelos registros da Câmara, isso foi feito.
O deputado Ivan Valente, do PSOL, questiona a frequência de Nathalia Queiroz:
"É surpreendente que conste que ela ficou dois anos sem falta nenhuma quando é público e notório que ela é personal trainer no Rio de Janeiro. O Bolsonaro como deputado confirmou uma mentira", afirma.
O controle da frequência deve ser feito mensalmente, por meio eletrônico, pelo próprio parlamentar, mas a função pode ser repassada a um assessor. Quando foi questionado sobre a frequência de Nathalia Queiroz, no fim do ano passado, Bolsonaro disse que a pergunta deveria ser feita ao chefe de gabinete.
Na época, várias reportagens mostraram que Nathalia atua como profissional de educação de física, atendendo clientes no Rio de Janeiro em horário comercial, quando era secretária parlamentar de Jair Bolsonaro. Havia fotos e vídeos nas redes sociais de Nathalia em praias e academias com alunos, incluindo celebridades. Mas após a repercussão, ela apagou o perfil no Instagram.
Como assessora de Jair Bolsonaro, Nathalia recebia cerca de R$ 10 mil por mês, além dos benefícios.
O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, aliado de Bolsonaro, diz que a lei não proíbe acumular outro cargo com o de assessor parlamentar:
"Eu tenho um funcionário aqui que pode ser professor, e ele pode trabalhar pra mim de noite, de madrugada", alega.
Nathalia Queiroz é mencionada pelo Coaf no relatório que identificou movimentações suspeitas em nome do pai dela, Fabricio Queiroz, no valor de R$ 1,2 milhão. Fabrício foi assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, e Nathalia teria repassado R$ 84 mil ao pai, que movimentava dinheiro de outros assessores e depositou um cheque de R$ 24 mil na contra da primeira dama Michelle Bolsonaro.
Nathalia foi quem filmou o vídeo em que o pai dela, Fabrício, aparece dançando no meio do quarto de um hospital, enquanto aguardava uma cirurgia. Nathalia, a mãe dela e uma irmã faltaram a depoimentos no Ministério Público usando como justificativa o estado de saúde do pai, Fabrício Queiroz, que deixou de ir em QUATRO depoimentos. Fabrício disse que a dança no vídeo era pra levar um pouco de alegria ao hospital. A CBN não conseguiu contato com Nathalia Queiroz.
Fonte: Rádio-CBN
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