O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) suspendeu a sessão que deve definir o novo presidente do Senado, após mais de ciinco horas de discussões e hostilidades. Os trabalhos serão retomados neste sábado (2) às 11h.
À frente da sessão, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), um dos candidatos ao comando da Casa, acatou as sugestões dos colegas para interromper as discussões devido a um impasse sobre a forma de votação - aberta ou secreta. O congressista abriu a questão para o plenário e o painel apontou 50 votos a 2 pela votação aberta, mas o resultado não foi aceito pelos senadores contrários, especialmente os aliados de Renan Calheiros (MDB-AL).
Veja quem votou a favor e contra a votação aberta para presidente do Senado
Além de colocar contra a votação aberta, o grupo de Renan questionava a legitimidade de Alcolumbre para presidir a sessão. Suplente da Mesa Diretora na última legislatura, o parlamentar assumiu a sessão porque nenhum dos antigos membros titulares conseguiu reeleição. Os opositores de Alcolumbre questionaram que o senador do DEM conduzisse os trabalhos na condição de candidato, que ele se recusou a assumir oficialmente.
A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) roubou a cena ao protestar contra Alcolumbre. A tocantinense chamou o colega de "usurpador" e chegou a subir à mesa para tomar papéis do senador do Amapá, obstruindo os trabalhos. Ela e Renan invadiram a mesa presidida por Alcolumbre. "O senhor não é candidato, não pode sentar aqui, não vai. O senhor é candidato e não pode sentar aqui. O senhor não pode fazer isso. Não vai. Se você pode presidir, eu também posso. O senhor está usurpando o poder", acusou.
Alcolumbre pediu, então "um minuto de sanidade" a Kátia. Já Renan chamou Alcolumbre de "canalha" e quase trocou agressões com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que retirou a própria candidatura durante a tarde para apoiar Alcolumbre.
Alcolumbre determinou, no início da noite, que o plenário da Casa decida se a votação para o comando da Casa será aberta ou secreta. O resultado, exibido no painel eletrônico, foi de 50 votos a 2 pelo voto aberto e nominal.
No entanto, ainda antes do resultado, assim que a medida foi anunciada, aliados de Renan protestaram aos gritos. O veterano emedebista é tido como principal adversário de Alcolumbre na corrida pelo cargo.
Durante o dia, antes da posse, Alcolumbre fez circular um abaixo-assinado em prol do voto aberto, que angariou, segundo a assessoria do congressista, a adesão de 46 membros. A lista foi criada pelo senador Eduardo Girão (Pros-CE). Adversários de Renan acreditam que, com o voto aberto, vários parlamentares se sentirão constrangidos em votar no emedebista por causa de seu histórico de acusações.
A questão do voto aberto foi colocada em pauta logo no início da reunião no plenário, por meio de questões de ordem. A favor do voto aberto, falaram Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Lasier Martins (PSD-RS), Selma Arruda (PSL-MT), Jorge Kajuru (PSB-GO), Eduardo Girão e Marcos Rogério (DEM-GO).
Já os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Ciro Nogueira (PP-PI), Jader Barbalho (MDB-PA), Katia Abreu (PDT-TO), Ângelo Coronel (PSD-BA) e Weverton Rocha (MDB-MA) defenderam obediência ao regimento interno, que estabelece votação secreta para eleição da Mesa Diretora.
A possibilidade de voto aberto vinha sendo judicializada desde o ano passado. Atendendo a um pedido de Lasier Martins, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou votação aberta para o comando da Casa no fim do ano passado. No último dia 9, porém, o presidente da corte, Dias Toffoli, derrubou a decisão de Marco Aurélio e determinou que a decisão caberia ao próprio Parlamento.
Aliado de Renan, Eduardo Braga, que assumiu a liderança do Senado nesta semana, não apenas defendeu o voto secreto como questionou o fato de Alcolumbre presidir a sessão mesmo sendo candidato. O senador amazonense pediu a palavra duas vezes para apontar que o regimento interno impede essa possibilidade.
Para conduzir a sessão, ele revogou um ato do secretário-geral da Mesa Diretora, Luiz Fernando Bandeira de Mello, e destituiu o assessor, a quem acusou de manobrar em favor de Renan ao estabelecer que a sessão deveria ser presidida pelo senador mais idoso, José Maranhão (MDB-PB), aliado do alagoano. Renan acusou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, padrinho da candidatura de Alcolumbre, de orientar um "golpe".
Fonte: Congresso Nacional
Por: Alex Albuquerque
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