Aos 31 anos, a pernambucana Maria Paula Bandeira defende que conhecimento e informação são grandes armas contra essa doença. Faz sentido.
Em 2011, ela foi diagnosticada com um câncer de mama em fase inicial. Após uma cirurgia, o problema sumiu dos radares. Ainda assim, Maria Paula passou por sessões de radioterapia e quimioterapia, além de tomar por anos remédios que bloqueiam a ação de certos hormônios que instigam o câncer (é a tal hormonioterapia, indicado para o seu tipo de câncer, na época).
“Do ponto de vista de individualização, por exemplo, devemos saber se o subtipo do câncer de mama é sensível a esses hormônios. Do contrário, de pouco adianta oferecer a hormonioterapia”, explica Simon.
Com essas medidas, para o tipo do tumor de Maria Paula, cabe ressaltar, os médicos falavam em 95% de chance de cura. Eis que, em janeiro de 2016, um exame acusou um nódulo no ovário dela. Ao investigar a fundo a situação, os especialistas encontraram outros focos no fígado e nos ossos.
O câncer havia retornado silenciosamente, com outro tipo, e se alastrado pelo organismo sem manifestar sintomas claros. A partir daí, Maria Paula era uma mulher com tumor de mama metastático.
“Ninguém me falou o que acontecia se eu caísse na turma das 5% de pacientes com câncer de mama inicial que não se curam”, aponta. De acordo com ela, várias pessoas “a velavam viva” – o que, como descobriu, estava longe de ser condizente com seu estado de saúde.
Agora, Maria Paula possui um câncer do tipo HER2+ – a doença mudou. Estranhou? Basta entender que seu tumor é cheio de proteínas que aceleram a progressão da enfermidade. São as tais HER2.
Se por um lado a presença dessas características sugere que a doença pode avançar mais rapidamente caso nada seja feito, por outro abre as portas para a utilização de alguns medicamentos pertencentes à classe da terapia-alvo.
Junto com outras sessões de químio, Maria Paula recorreu a essa estratégia. E pouco menos de um mês atrás ouviu dos médicos que o câncer tinha sumido novamente – o que não deve ser confundido com cura, porque resquícios impossíveis de serem rastreados podem eventualmente ganhar força de novo.
“O tratamento agora é para sempre. Mas eu consigo viver, trabalhar, viajar com meu marido, sair com os amigos”, destaca Maria Paula. Aos poucos, ela aprendeu o que realmente significa ter câncer de mama metastático.
“Eu fiquei desesperada quando meu câncer voltou, porque não sabia como agir dali em diante. Só que fui entendendo que ele era apenas um aspecto da minha vida, e não um protagonista”, afirma.
Dona do perfil
“Lenço do Dia” no Instagram, que soma mais de 19 mil seguidores, Maria Paula dissemina informações para evitar que outras mulheres passem pelo choque que ela teve no início de 2016. E, acima de tudo, para que conheçam seu quadro de saúde direito e cobrem por um atendimento personalizado, dentro do possível. “Quanto mais a gente fala do câncer, menor ele fica”, conclui.
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